quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O mito da periodização no futebol profissional

Esclarecendo a nossa modalidade

Autor: Wladimir Braga*


Conhecendo os vários modelos de periodização do treinamento esportivo, além do nosso calendário nacional de futebol, podemos afirmar que:
Não existe pico de rendimento nesta modalidade com jogos e exigência de resultados por toda temporada;
Nenhum modelo de periodização se aplica ao futebol profissional;
É um equivoco pensar na pré-temporada (que normalmente e de 15 a 20 dias) como um fator determinante de performance para uma temporada de 10 a 11 meses;
É enganoso pensar em “base aeróbia” a partir do momento que não existe modelo de periodização aplicável ao futebol.
O futebol é caracterizado como uma modalidade de exigência física variável e tomada de decisão. Cada jogo possui uma exigência diferente de acordo com o modelo de jogo de cada equipe, além da capacidade de cada atleta em entender o jogo e cumprir sua função tática. Deste modo não podemos isolar os componentes de treinamento sem considerar a natureza do jogo de futebol.
“Esporte físico é Atletismo, Esporte técnico é Ginástica Olímpica, futebol é um Esporte tático”.
Assim, o que deve nortear a periodização desta modalidade é o componente tático.
A velocidade no futebol é desenvolvida mediante situações de jogo em que a tomada de decisão e exigida em curtíssimo espaço de tempo como nos treinamentos de superioridade numérica com tempo para finalizar, por exemplo. Ou seja, o atleta que é lento “fisicamente” pode melhorar sua performance desenvolvendo sua percepção e tomada de decisão.
A resistência no futebol, desenvolvida principalmente em forma de jogo, é aprimorada de acordo com a assimilação do modelo de jogo e de cada variável dependente deste modelo que rege as ações táticas da equipe.
A força no futebol, sem dúvida é a única capacidade treinável de forma pura, pois é justamente dela que melhoramos a capacidade de aceleração além de impulsão, potência de chute além de prevenir lesão. Contudo é fundamental a transferência deste estimulo nos treinamentos em forma de jogo.
Se fizermos uma análise de um microciclo tradicional com um jogo no final de semana, chegaremos à conclusão que a estrutura de periodização e bem parecida em todos os momentos da temporada. O que precisamos saber é como organizar os conteúdos para não desperdiçar o tempo com atividades irrelevantes para o rendimento coletivo que é o que interessa.
O aspecto decisivo então passa a ser a mobilização do grupo para o trabalho (grupo motivado sempre treina melhor), além da capacidade de organizar os treinos de maneira a recuperar não apenas fisicamente, mas também cognitivamente os atletas para alto desempenho a fim de cumpram cada função tática com eficiência.
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* Wladimir Braga é preparador físico do Clube Atlético Mineiro e membro do GEAF
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