quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O papel da inteligência tática no combate ao êxodo

Entendimento de esquema pode facilitar a reação das equipes às saídas de atletas

Autor: Guilherme Costa


Somente em 2007, 1085 jogadores deixaram o futebol brasileiro. Muitas dessas transferências destruíram o esquema tático montado pelas equipes durante a temporada. Mas o efeito das negociações poderia ser bem menos contundente se os jogadores brasileiros tivessem uma visão mais apurada da formação de suas equipes.
"Às vezes você perde uma peça e acaba tendo de repensar toda a maneira de o time jogar. Isso não aconteceria se os jogadores soubessem se adaptar a diferentes situações", comenta o treinador Ney Franco.
A possibilidade de perder atletas durante a temporada e a dificuldade de adaptação dos jogadores que ficam no Brasil criou um desafio extra aos treinadores na hora de estruturar a programação das equipes profissionais de futebol.
"Hoje em dia está claro que o planejamento é um diferencial importante no futebol. Mas você passa o mês de dezembro inteiro planejando a temporada seguinte, o mercado europeu abre no dia 1º de janeiro e você perde alguns atletas fundamentais na sua estratégia. Então, você precisa sempre trabalhar para ter alternativas dentro do próprio elenco", completa Franco.
Outro fator que expõe a necessidade de uma adaptação mais rápida ao jogo é a quantidade de jogadores que retornam ao país - foram 489 apenas em 2007. Esses atletas muitas vezes chegam despreparados para desempenhar funções no sistema das equipes brasileiras e demandam muito trabalho de adaptação.
"Captar o jogador adequado às suas necessidades é um processo complicado, que exige um trabalho de observação do técnico e não se encerra no momento da contratação. É preciso ajudar o jogador depois a se ajustar no perfil da equipe", explica o técnico Mano Menezes.
Diante de tantas exigências diferentes e pouco tempo para realizar essa transição dos jogadores, o trabalho dos técnicos de futebol requer um perfil mais atento e aberto a novas perspectivas.
"Você precisa estar pronto a se adaptar. Isso é fundamental para o treinador no atual cenário do futebol brasileiro. Os nossos clubes não têm condições de concorrer com nenhum mercado do exterior - nem mesmo os que têm menos tradição. Assim, é natural que as equipes usem mais garotos e atletas menos preparados, e eles passam por momentos de oscilação. Você precisa ter criatividade para superar isso", avalia Menezes.

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